PERSONALIDADE | QUEM SOU EU?

Mas afinal, o que é a personalidade? Simplificando, podemos dizer que é o conjunto de características estáveis que fazem parte de cada um de nós e que são influenciadas por fatores biológicos, genéticos e ambientais. Ou seja, a personalidade é uma construção ao longo da vida a partir das interações com as pessoas que convivemos e dos cuidados que recebemos desde a infância.

É importante destacar que a personalidade se forma até os 18 ou 20 anos, e a partir daí, os fatores mudam muito pouco. Claro que é possível atenuar certos traços, mas não podemos esperar uma mudança de 180 graus na personalidade depois de adulto. Não há como avaliar o que seria uma personalidade normal ou "anormal, afinal, as definições partem de construtos que surgiram no nosso contexto social, logo, um traço mais evidente pode ser adaptativo para um contexto e desadaptativo para outro. Um exemplo que o professor Jordan B. Peterson já deu em uma de suas aulas é o de uma pessoa extremamente extrovertida e falante em um contexto de uma ditadura, onde a fala é fiscalizada constantemente e ela pode acabar tendo problemas por ser aberta e expressiva demasiadamente. Quando ocorre um conjunto de características desadaptativas é chamado de transtorno de personalidade. 

Desde a antiguidade, sempre houve interesse em entender a personalidade, com teorias como a dos Quatro Temperamentos de Hipócrates e a classificação de tipos de personalidades criminosas por Lombroso. Mas a teoria dos cinco fatores da personalidade, também conhecida como Big Five, é a mais estudada e aceita atualmente. O curioso é que ela surgiu a partir de estudos psicométricos conduzidos por vários psicólogos no mundo todo, que chegaram a conclusões similares. Essa teoria descreve cinco traços principais da personalidade: extroversão, neuroticismo, socialização, abertura para experiências e realização.

A extroversão é caracterizada por pessoas que buscam intimidade, facilidade de confiar e tendência à ansiedade e características mais dominantes de liderança. Já o neuroticismo é caracterizado por pessoas mais instáveis emocionalmente, com baixa autoestima e maior dependência emocional dos outros. A socialização é agradabilidade,o indivíduo ingênuo, muito altruísta, que se doa nas relações e deseja ajudar. A abertura para experiências se refere a indivíduos curiosos, imaginativos e criativos, que exploram novas ideias e possibilidades. E por fim, a realização é a motivação para o sucesso, a perseverança e a capacidade de perseguir uma meta.

É importante destacar que não existem traços bons ou ruins, eles simplesmente fazem parte de quem somos. O neuroticismo pode ser o maior preditor de transtornos, mas não é impossível viver bem com isso. Além disso, ele pode te prevenir de entrar em situações perigosas ou arriscadas. É possível trabalhar os traços e subfatores em terapia para desenvolver ou atenuar traços. Um bom exemplo é o fator Realização, que você pode desenvolver através de treinos de disciplina e organização, e comportamentos direcionados e motivados para isso. Quanto ao neuroticismo, um trabalho com terapia cognitivo-comportamental, Dialética Comportamental e Atenção Plena podem ajudar a lidar com a labilidade emocional. O introvertido, oposto da extroversão, pode ser incentivado a se abrir mais para situações com pessoas, caso necessário.

Existem diversos testes de internet para avaliar os Grandes Fatores, mas o teste mais confiável é exclusividade do psicólogo, então se tiver curiosidade, para um resultado fidedigno procure um profissional. 

Espero que tenham gostado de conhecer um pouco mais sobre a personalidade e a teoria dos cinco fatores. Lembre-se sempre de que cada um de nós é único e que nossa personalidade é uma parte fundamental de quem somos. Em caso de dúvidas ou problemas relacionados à sua personalidade, não hesite em buscar ajuda profissional.

Texto criado a partir de anotações da aula livre da Psicóloga Fernanda Landeiro no Youtube e aulas abertas do professor Jordan B. Peterson.